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Em busca do mapa rural brasileiro

Processo de coleta de dados do Censo Agropecupário 2017 pelo IBGE levará cinco meses e servirá para dar panorama quanto à atual situação da produção rural dos municípios

Jô Folha -

Após 11 anos, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) retornou ao campo para realizar o Censo Agropecuário de 2017. A ideia é levantar dados de mais de 5,3 milhões de estabelecimentos agropecuários no país. As informações a serem coletadas incluem dados sobre agricultura, pecuária de pequeno, médio e grande portes, extração vegetal, silvicultura, aquicultura (criação de organismos aquáticos) e apicultura.

A coleta de dados teve início em 1º de outubro e irá durar até 28 de fevereiro de 2018. Após esse período de cinco meses, os dados passarão por diversas análises e, de acordo com o cronograma do site do IBGE, devem ser divulgados em março do próximo ano.

A região de Pelotas inclui sete municípios, que são Arroio do Padre, Capão do Leão, Turuçu, São Lourenço do Sul e Pedro Osório. Um posto avançado também foi criado em Arroio Grande, englobando Herval e Jaguarão. São 35 recenseadores trabalhando nessas localidades que englobam o posto de Pelotas, além de oito agentes censitários supervisores, um coordenador e um agente censitário municipal. Já Canguçu, Morro Redondo e Piratini ficam sob a supervisão de outro posto.

Os recenseadores fazem diversos tipos de perguntas aos proprietários rurais. O IBGE destaca que todos os dados privados do agricultor são sigilosos, usados apenas para fins de estatísticas, e não são cruzados com dados de quaisquer outros órgãos, como Receita Federal ou Ministério do Trabalho. Os tipos de coleta são divididos em comum (quando o recenseador vai até a propriedade rural e conversa com o administrador); descentralizada (quando o produtor não mora na propriedade, tendo que agendar um horário e local para conversar com o IBGE) e especial (quando envolve grandes propriedades, geridas por administradores, onde a conversa é normalmente feita em escritórios ou salas administrativas.

A reportagem do Diário Popular acompanhou uma tarde de trabalho do IBGE. Eduardo Saalfeld é agente censitário municipal e Bruno Brandão agente censitário supervisor. Neste caso, em específico, eles fizeram o trabalho dos recenseadores, em uma coleta descentralizada, porque o dono da propriedade rural residia em outro município.

A visita foi à casa de Gilson Bohmer Holz. Proprietário de terras em Canguçu, ele é também comerciante em Arroio do Padre. Por esse motivo, a equipe não o encontrou na propriedade, e a conversa com ele teve que ser agendada. A entrevista, feita em sigilo, durou cerca de 20 minutos. Após fornecer os dados, ele comentou que acha a coleta importante para serem utilizados em prol do produtor. "Serve para mostrar a nossa situação".

As coletas de dados são feitas por um smartphone fornecido pelo IBGE, através do aplicativo SigC (Sistema de Informações Gerenciais Censitárias). O aplicativo faz o backup dos dados coletados, envia e recebe informações, traz mapas com a localização das propriedades através do Google Earth e serve também para comunicação com o posto avançado do município. Eduardo diz que os profissionais passam por quatro dias de treinamentos, que além de ensinar a fazer a abordagem, explicam o funcionamento do aplicativo. "Ele é bom e bem intuitivo", ressalta o agente.

As entrevistas costumam ser rápidas e duram cerca de 20 a 25 minutos. As mais complexas, quanto a propriedades maiores, demoram o dobro do tempo. São 40 quadros de perguntas, de três a dez em cada quadro. As perguntas são iguais para todos os participantes e são em maior ou menor quantidade dependendo da complexidade da propriedade. Novas questões são apresentadas pelo aplicativo com base em respostas anteriores. "Se, por exemplo, o produtor não possui suínos em sua propriedade, não vai abrir questões sobre suinocultura", explica Eduardo Saalfeld.

Por se tratar da zona rural, os profissionais do IBGE contam que há também fatos curiosos que ocorrem. Atolam, caem em buracos, enfrentam pontes que caem e até mesmo cachorros bravos, que não deixam se aproximar da propriedade. No entanto, nada que atrapalhe a coleta de dados. Ainda não é possível mensurar quantas propriedades serão visitadas, segundo Saalfeld. Isso se dá porque, em comparação com o Censo Agropecuário de 2006, muito mudou, como locais que foram abandonados e novas áreas povoadas.

Para identificar
- Os recenseadores do IBGE fazem visitas em regiões específicas. Os profissionais locomovem-se através de veículos próprios. A meta inicial era que de dois a três questionários fossem feitos por dia, mas na prática isso varia. Os horários também são flexíveis, com eles trabalhando por cerca de cinco horas por dia.

- O recenseador pode ser identificado por seu boné e colete personalizados do IBGE, além da pasta do instituto e de crachá, com foto e dados pessoais dele.

- A lei federal 5534 rege a obrigatoriedade da prestação de informações por parte do cidadão brasileiro ao IBGE, dando direito ao sigilo de suas informações. No entanto, Eduardo Saalfeld comemora que as pessoas costumam a ser bem receptivas com os recenseadores, e nenhum problema ocorreu no primeiro mês de coleta de dados.

As desistências de recenseadores acabam gerando atrasos. Até aqui, três turmas já foram formadas. A primeira, com 35 alunos, teve cinco baixas. Após isso, outra foi formada para substituí-los. Recentemente, ocorreram mais três saídas, precisando de uma nova formação de membros do cadastro de reservas do concurso feito para selecionar os profissionais para as vagas temporárias. No entanto, há profissionais que já trabalharam em outros censos, e isso facilita na agilização do processo.

Apoio
O IBGE conta com o apoio de outros órgãos na realização do Censo Agropecuário. A Emater de Pedro Osório e o Sindicato Rural de São Lourenço do Sul, por exemplo, disponibilizam uma sala e internet para os profissionais. Em Pelotas a prefeitura oferece estacionamento para os veículos alugados que estão sendo usados.

Para que serão utilizados os dados?
- Dimensionar as áreas cultiváveis, dos níveis de produção de alimentos e da criação animal
- Sinalizar como ocorre a utilização e aplicação dos implementos e instrumentos agrícolas
- Qualificar os trabalhadores rurais e sua estratificação em idade, gênero, escolaridade, e outros
- Classificar os padrões de obtenção e ocupação do território nacional em atividades agropecuárias
- Formular e avaliar políticas públicas, estudos acadêmicos, desenvolver projetos de pesquisa e decidir quanto a investimentos públicos e privados
- Propiciar análises comparativas de indicadores agropecuários e ambientais

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